Stonehenge

Stonehenge
Energia da Natureza

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Pensamento Oriental

Quando você era bem pequeno...
... eles gastavam horas lhe ensinando a usar talheres nas refeições...
... ensinando você a se vestir,
amarrar os cadarços dos sapatos,
fechar os botões da camisa.

Limpando-o quando você sujava suas fraldas
... lhe ensinando a lavar o rosto...
a se banhar... a pentear seus cabelos...
... lhe ensinando valores humanos...

 Por isso...
... quando eles ficarem velhos um dia...
e seria bom que todos pudessem chegar até aí
(não preciso explicar...não é?)
... quando eles começarem a ficar mais esquecidos
e demorarem a responder...
... não se chateie com eles...
... quando eles começarem a esquecer de fechar botões da camisa,
de amarrar cadarços de sapato...
... quando eles começarem a se sujar nas refeições...
... quando as mãos deles começarem a tremer
enquanto penteiam cabelo...
... por favor, não os apresse...
 porque você está crescendo aos poucos,
e eles envelhecendo...
... basta sua presença...
sua paciência...
sua generosidade...
sua retribuição...
... para que os corações deles fiquem aquecidos...
... se um dia eles não conseguirem se equilibrar ou caminhar direito...
... segure firme as mãos deles e os acompanhe
bem devagar respeitando o ritmo deles durante a caminhada...
da mesma forma como eles respeitaram o seu ritmo
quando lhe ensinaram a andar...
fique perto deles... assim como...
... eles sempre estiveram presentes em sua vida,
sofrendo por você...
torcendo por você...
e vivendo "POR VOCÊ".

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O Desaparecido

Tarde fria, e então eu me sinto um daqueles velhos poetas de antigamente que sentiam frio na alma quando a tarde estava fria, e então eu sinto uma saudade muito grande, uma saudade de noivo, e penso em ti devagar, bem devagar, com um bem-querer tão certo e limpo, tão fundo e bom que parece que estou te embalando dentro de mim.

Ah, que vontade de escrever bobagens bem meigas, bobagens para todo mundo me achar ridículo e talvez alguém pensar que na verdade estou aproveitando uma crônica muito antiga num dia sem assunto, uma crônica de rapaz; e, entretanto, eu hoje não me sinto rapaz, apenas um menino, com o amor teimoso de um menino, o amor burro e comprido de um menino lírico. Olho-me no espelho e percebo que estou envelhecendo rápida e definitivamente; com esses cabelos brancos parece que não vou morrer, apenas minha imagem vai-se apagando, vou ficando menos nítido, estou parecendo um desses clichês sempre feitos com fotografias antigas que os jornais publicam de um desaparecido que a família procura em vão.

Sim, eu sou um desaparecido cuja esmaecida, inútil foto se publica num canto de uma página interior de jornal, eu sou o irreconhecível, irrecuperável desaparecido que não aparecerá mais nunca, mas só tu sabes que em alguma distante esquina de uma não lembrada cidade estará de pé um homem perplexo, pensando em ti, pensando teimosamente, docemente em ti, meu amor.

(Homenagem a Rubem Braga, 20 anos)